INTERTEXTUALIDADE E TEMPOS VERBAIS

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
DOCENTE: ROSEMARY LAPA
DISCIPLINA: REFERENCIAIS TEÓRICOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
DISCENTES: ANGELINA SANTOS PINTO
                       FÁBIO SANTOS DA SILVA


INTERTEXTUALIDADE E TEMPOS VERBAIS


- A quem se destina:
4º ano do ensino fundamental
- Tempo estimado
5 dias de aulas
- Objetivos

- Apresentar as versões originais e as retextualizações realizadas da história.
- Abordar as possibilidades de retextualização de histórias tradicionais
- Trabalhar a compreensão da retextualização identificando as novas ideias apresentadas.
- Observar as semelhanças e diferenças nas duas (ou mais) versões
-  Incentivar a produção textual a partir da leitura, criando uma nova versão para a história
-  Estimular a leitura, trabalhando a entonação e expressão nas estrofes
- Identificar o tempo verbal constantemente utilizado no texto relacionando-os com os verbos no passado e no presente de acordo com o gênero, observando também as palavras no aumentativo e diminutivo.

- Conteúdos
      - Interpretação do texto de Chapeuzinho Amarelo
      - Leitura fílmica
      - Trabalhar os verbos apresentados no texto
 -Trabalhar o aumentativo no texto, relacionando aos diminutivos correspondentes.
      - Ilustrações das histórias de Chapeuzinho Vermelho e Amarelo
      - Construção de minilivros com cada história criada pelos educandos
- Material necessário
 Livros e revistas que possam ser recortados;
-  Lápis, caneta, cartolinas, cola, lápis de cor, hidrocor, papel ofício, pincel, tinta guache de diversas cores, grampeador;
-  Aparelho de DVD, dvd com o filme escolhido, aparelho de TV ou multimídia



                                                     Desenvolvimento

 1ª etapa
Informar aos alunos sobre o projeto, quais os textos irão trabalhar, quantos dias de duração e quais atividades devem ser realizadas.
Relembrar a história original de Chapeuzinho Vermelho dos irmãos Grimm, destacando os personagens, analisando as ações de cada um e suas características. Depois, apresentar a história de Chapeuzinho Amarelo, incentivando a leitura. Segue a interpretação do texto, identificando os personagens e suas características. Possibilitar aos educandos associarem as duas histórias, pedindo que tenham um olhar atencioso sobre os diálogos e possibilitar aos que não conhecem as histórias, a oportunidade de vivenciá-las. Deverá ser feita uma discussão com os educandos sobre a impressão que tiveram do texto, fazendo uma comparação entre as duas versões, buscando ideias semelhantes e diferenças em ambas, para futuramente realizarem uma produção textual.
Perguntas norteadoras:

- Quem são os personagens das duas histórias? São iguais?
- Quais as semelhanças e diferenças entre as duas versões da história?
- Como Chapeuzinho se apresenta nas duas versões?
- Como o lobo se apresenta nas duas versões?
- Quais são os personagens que aparecem na história original e não aparecem na história de Chico Buarque?
Após a discussão sobre os textos apresentados, conversar com os educados sobre quais histórias eles conhecem e se elas já foram recontadas no cinema, no teatro, na TV, na escola ou em outro segmento. Conversar com eles sobre o que eles acham das histórias tradicionais e das histórias recontadas, saber dos educandos se têm o hábito de ir ao cinema, de ler histórias, ir ao teatro e fazer programas culturais.

2ª etapa
Apresentação do filme “Deu a Louca na Chapeuzinho”. Realizar a leitura fílmica: Analisar o filme, destacando os personagens, percebendo as ações de cada um e suas características, relacionando-as com os personagens da versão original e do texto de Chico Buarque.
Discutir sobre os autores (que devem ser apresentados juntamente com suas obras) e suas possíveis intenções ao fazerem as versões. Mostrar para os jovens leitores como as diferentes possibilidades de se contar uma história, pode nos fazer compreender elementos não vistos a partir desta; questionar que elementos foram vistos no filme que eles não conseguiram perceber na leitura em casa ou na escola. Construir com os educandos as características dos gêneros e como se constrói uma narrativa, através da perguntas norteadoras:

- Por que o filme tem esse nome: Deu a louca na Chapeuzinho?
- Qual a principal característica de Chapeuzinho nas três versões?
- Que história o filme conta e que situações no filme não acontecem nas duas versões escritas?
- Que crime a história relata?
- Quem são os personagens que ajudam a desvendar o crime?
- Quais personagens são encontradas no filme que não estão nas duas outras versões?
- Você percebeu que o filme fala das profissões dos personagens? Quais são elas?

3ª etapa    
Facilitar a observação, dividindo em blocos de apresentação, para os alunos em grupos falarem sobre o que perceberam no livro, no texto de Chico Buarque e no filme, com o objetivo de facilitar a compreensão e torná-los críticos sobre as leituras realizadas.

Pedir que os alunos observem em que tempo verbal as versões se apresentam e que palavras e frases identificam esse tempo. Pedir que os alunos reescrevam essas frases, como ações que ainda irão acontecer, explicando que esse é o tempo futuro. Realizar perguntas sobre o tempo verbal que eles identificaram nas histórias.

Perguntas norteadoras:

- Quais os principais tempos verbais que aparecem nas histórias?

- Por que o texto narrado apresenta a maioria dos verbos no tempo passado?
- Quais os tempos verbais que aparecem no filme? E que frases ou cenas indicariam isso?
Pedir que os alunos circulem os verbos na história, identificando em que tempo verbal estão e refletir porque a história apresenta de forma repetida as palavras no tempo verbal identificado (pretérito). Analisar o tempo verbal de cada gênero, observando se utilizam o mesmo em todas as versões, relatando as diferenças encontradas.
Encontrar palavras no aumentativo utilizadas no texto, relacionando-as com os diminutivos correspondentes e compreendendo a possível intenção do autor ao colocá-los no texto. Deverá ser feita uma lista no caderno com os respectivos correspondentes e ainda outras palavras já conhecidas.

4ª etapa 
Solicitar que os alunos façam uma narrativa, criando sua própria versão, com base nos personagens de ambas as histórias, possibilitando ao educando escolher o gênero em que deverá ser criada a sua versão.

Os educandos deverão destacar também os verbos no seu próprio texto e identificar o tempo verbal, assim como observar se houve a utilização de palavras no aumentativo e diminutivo relacionando cada um no caderno.

Fica a critério do aluno desenhar ou recortar imagens dos livros e colar nas páginas de forma a combinar com os trechos da história criada. Relacionar os verbos encontrados com as falas de cada personagem.

5ª etapa
O aluno deverá utilizar a cartolina como capa, de acordo com o tamanho das páginas escritas e ilustradas. As páginas devem ser grampeadas às capas pelo professor, solicitando que cada um escreva o título da sua história e o seu nome.
Culminância: Cada aluno deve apresentar a criação do seu livro, com a versão e ilustrações criadas por eles e justificar o uso do tempo verbal em que a sua história é narrada. Como projeto final, cada aluno deverá caracterizar-se pelo seu personagem preferido e apresentar sua criação na roda de leitura.
A roda de leitura e diálogos ira possibilitar aos educandos uma melhor compreensão dos textos e interpretações inserindo os alunos num universo de leitura que seja prazeroso e que se apresente de diversas formas e gêneros.

-Livros utilizados
DIAS, Anair Valênia Martins; MORAIS, Cláudia Goulart; PIMENTA, Viviane Raposo; SILVA, Walleska Bernardino. Minicontos Multimodais.
HOLANDA, Chico Buarque de. Chapeuzinho Amarelo. Ilustrações: Ziraldo. Rio de janeiro, 2004.
KOCH, Ingedore Vilaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3ª Edição. São Paulo: Contexto, 2013.

ANEXOS:
Chapeuzinho Amarelo









Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada, nem descia.
Não estava resfriada, mas tossia.
Ouvia conto de fada, e estremecia.
Não brincava mais de nada, nem de amarelinha.

Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra.

Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo.
Era a Chapeuzinho Amarelo…

E de todos os medos que tinha
O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.

Mesmo assim a Chapeuzinho
tinha cada vez mais medo do medo do medo
do medo de um dia encontrar um LOBO.
Um LOBO que não existia.

E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…
e um chapéu de sobremesa.

Finalizando…
Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo que tinha do LOBO.
Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.

O lobo ficou chateado de ver aquela menina
olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.
O lobo ficou chateado.

Ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!
E a Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!

Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO
umas vinte e cinco vezes,
que era pro medo ir voltando e a menininha saber
com quem não estava falando:
LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO

Aí, Chapeuzinho encheu e disse:
"Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!"
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.
Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim.
Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.
Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo,
porque sempre preferiu de chocolate.

Aliás, ela agora come de tudo, menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva, nem foge de carrapato.
Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato,
Trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha,
com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.

Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro cada medo que ela tinha:

O raio virou orrái;
barata é tabará;
a bruxa virou xabru;
e o diabo é bodiá.

- Para assistir o filme:
http://www.youtube.com/watch?v=hNUVNyNP1D4

Um comentário:

  1. Muito bom trabalhar esse projeto em sala. As crianças amaram! Foi muito divertido! Obrigada por compartilhar.

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