CONTOS E USO DE MAIÚSCULAS

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
CURSO DE PEDAGOGIA NOTURNO
RTM DE LINGUA PORTUGUESA
AILMA F DE OLIVEIRA E PATRICIA CRISTIANE

CONTOS E USO DE MAIÚSCULAS


PÚBLICO ALVO: 2º ano do ensino fundamental

DURAÇÃO DA AULA: 6 aulas


GÊNERO TEXTUAL: Contos

 OBJETIVOS:

v  Desenvolver o prazer pela leitura;

v  Expressar opiniões e sugestões;

v  Identificar os elementos que compõem um conto;

v  Identificar as letras maiúsculas e minúsculas nos substantivos próprios e comuns e utilizar letra maiúscula no início do texto ou quando necessário;

v  Aprender a elaborar pequenos contos.



CONTEÚDOS

v  Leitura e interpretação de contos

v  Substantivos próprios e comuns

v  Letras maiúsculas e minúsculas

v  Produção de texto


RECURSOS:

Livro de historia com o conto, o conto xerocopiado, revista, cola, tesoura, lápis de colorir, papel pautado, cartolina e lápis de escrever.


1º MOMENTO (diagnóstico)
     
Fazer um círculo com os alunos, criar um clima de mistério e curiosidade com relação ao conteúdo a ser apresentado. Fazer a leitura do conto “Sobrou para mim” de Ruth Rocha (dramatizando), depois da dramatização, destacar as partes do conto enfatizando o título, o início, o conflito, o desenlace. Levantar alguns questionamentos:

QUESTIONAMENTOS         
1-      No texto alguém está contando ou narrando alguns acontecimentos. Quem conta a história e pra quem conta?
2-      O que aconteceu de interessante na história?
3-      Vocês acham que o título e a imagem tem haver com a história? Por quê?
4-      Na história havia um diálogo ou conversa entre pessoas. Quem eram as pessoas e o que conversavam?
5-      O que mais gostaram dessa história?
6-      Vocês mudariam parte ou o final da história?

2º MOMENTO

O professor fala para as crianças que a história contada era um conto e faz os seguintes     questionamentos:
1.      Vocês já ouviram algum conto?
2.      Quais os locais em que leram ou ouviram contos?
3.      Quais os contos que mais gostaram?

            Dependendo das respostas das crianças separa o que é conto do que não é.

3º MOMENTO

Hoje vamos acompanhar com bastante atenção a leitura que a pró vai fazer do conto no data show, ao terminar a leitura a professora informa que irão brincar de detetive e pede que os estudantes procurem no texto onde aparece  letra maiúscula, solicita que cada um fale uma parte do conto onde está a letra maiúscula no texto. (se necessário a professora ajuda). Ao terminar, a professora diz que foram bons detetives e para finalizar a missão de detetive, irão investigar porquê elas foram usadas.(por iniciar frase, por ser nome próprio). Já que vocês são ótimos detetives, vamos fazer os registros de nossas descobertas no caderno. Construir junto com a turma uma sistematização para o uso de maiúsculas.


4º MOMENTO

A professora entrega para os alunos uma cópia do texto do conto: “Marcelo, martelo e marmelo” de Ruth Rocha e em seguida mostra o livro para eles, depois faz a leitura do conto trabalhando a interpretação do texto, levantando questionamentos tipo:

1.      A história fala de quê?
2.      Vocês já questionaram seus pais assim como fez Marcelo? Que tipos de perguntas fizeram a eles?
3.      Vocês acham que as perguntas de Marcelo eram boas? Por quê?
4.      Marcelo perguntou a seu pai por que o nome dele era Marcelo e não martelo ou marmelo. Você gosta do seu nome? Se fosse mudar o seu nome qual escolheria?
5.      Marcelo resolveu chamar as coisas de outro jeito. Na história, essa atitude deu certo? Por quê?
6.      Se fosse mudar o nome de algumas coisas, quais objetos mudariam e quais nomes dariam? E por que dariam o esse nome?
7.      O que vocês veem na capa do livro? Essas imagens tem haver com a história e com o título da história?


5º MOMENTO


A professora cola na lousa uma cartolina branca, depois divide a classe em quatro grupos e distribui em cada grupo revistas usadas, tesouras e cola e pede que recortem das revistas palavras com letras maiúsculas e minúsculas, nomes próprios e comuns, objetos e lugares. Explica que todo começo de frases se inicia com letra maiúscula e que nas revistas os  textos vão começar com letra maiúscula e que essas não contam.  A professora verifica se todos os grupos fizeram a atividade

Na cartolina que está na lousa, a professora escreve: nome de pessoas; lugares; coisas ou objetos em forma de coluna e pede que cada grupo, um por vez, dirija-se ao quadro e colem na cartolina as palavras recortadas das revistas, em seus respectivos lugares, conforme as colunas colocadas na cartolina.

Depois de ler e interpretar o texto com os estudantes, pedir que escrevam no caderno os nomes de lugares, de pessoas e de objetos que eles encontraram no texto. Pedir que falem os nomes que encontraram e fazer alguns questionamentos: Qual a importância dessas palavras no texto? E no nosso dia a dia? Todas essas palavras cumprem um mesmo papel? Qual? Algumas dessas palavras apresentam iniciais maiúsculas, mesmo sem estar no inicio da frase, porque, possivelmente isso acontece? Depois explicar que os nomes que eles escreveram são substantivos próprios e comuns e que existem outros tipos de substantivo mas que agora só vamos trabalhar esses.

Depois que todos os grupos forem ao quadro, a professora avalia conforme os acertos e se preciso refaz suas explicações sobre os empregos das maiúscula e minúscula e dos substantivos.
 
6º MOMENTO

O dia do conto.

A professora relembra os dois contos trabalhados na sala, “Sobrou pra Mim” e “Marcelo, martelo e marmelo” e pergunta se lembram de como é um conto. Dependendo das respostas, a professora retoma as explicações (já feitas em aulas antes) sobre conto, ressaltando que ambos os contos lidos falam sobre situações cotidianas que acontecem com crianças, então levanta conhecimentos prévios: Quem tem uma história interessante para contar? Ouve com atenção as manifestações das crianças e em seguida entrega para cada criança uma folha de papel pautado e diz:  Vamos fazer igual a Ruth Rocha, vamos criar contos, cada um vai criar o seu próprio conto, a partir das histórias contadas aqui. Pode ser algo que realmente lhe aconteceu, ou algo que você ouviu aqui agora e que achou interessante, mas não se esqueçam dos detalhes, pois eles quem fazem a história ficar interessante: conte como é o personagem, onde ele vive, conte com detalhes o que aconteceu e como tudo terminou.
Depois de feita a produção escrita e que ela tenha sido socializada no grupo, pedir que façam uma produção de texto imagético relacionada ao conto elaborado, produzindo desenhos, pintando para ilustrar o seu conto.
As produções serão colocadas numa caixa ornamentada escrita: “Contos dos alunos”, que serão sorteados e utilizados nas atividades de linguagem e disponibizados para leitura entre eles.

ANEXO I – Conto “Sobrou para mim”.
ANEXO II – Conto “Marcelo, martelo e marmelo”
  

Sobrou pra mim


Ilustração: Suppa


Quando eu tinha uns 8 anos, mais ou menos, eu morava com minha avó e com a irmã dela, tia Emília. Nossa rua era sossegada, quase não passava carro nem caminhão. 

Eu ia à escola de manhã e de tarde eu fazia minhas lições e ia pra rua brincar com meus amigos. 

Às cinco e meia em ponto minha avó me chamava para tomar banho e rezar, minha avó e minha tia rezavam todas as tardes às seis horas. 

Depois do jantar ficávamos na sala, eu, lendo, minha avó e minha tia bordando ou costurando. 

Televisão a gente só via uma vez ou outra. Minha avó me deixava ver jogos de futebol ou basquete, mas tinha horror a novelas e a programas de auditório. Era chato de matar! 

A luz era muito pouca, que a minha avó tinha mania de fazer economia, ela dizia que não era sócia da Light. 

Então eu cansava de ler e ficava inventando outras coisas pra fazer. Eu ficava desenhando, ficava enchendo os ós do jornal, brincava com as minhas joaninhas… 

Uma vez eu amarrei um fio de linha na perna de um besouro e quando ele voou, com o fio pendurado, minha tia levou o maior susto. 

Uma outra vez, eu inventei uma coisa legal! Enquanto minha avó e minha tia ficavam rezando, às seis horas, eu amarrei um fio de linha na perna da cadeira de balanço. Depois do jantar nós fomos para a sala. Então, de vez em quando, eu puxava o fio e a cadeira dava uma balançadinha.

No começo elas não viram nada. Até que tia Emília, muito assustada, chamou a atenção da vovó. 

- Ó, Amélia - minha avó se chamava Amélia - Ó, Amélia, você não viu a cadeira balançar? 

Minha avó não ligou muito. Mas tia Emília ficou de olho. Daí a pouco ela cutucou minha avó: 

- Olha só, Amélia, ainda está balançando. Minha avó olhou e ficou desconfiada. 

As duas se olharam e fizeram sinais para não assustar o menino… 

Naquele dia, eu não mexi mais na cadeira. Mas no dia seguinte, eu fiz tudo de novo, só a minha tia é que viu a cadeira balançar. Ela estava apavorada! 

Então eu deixei passar uns dois dias e de novo dei uma balançadinha na cadeira. E dessa vez as duas velhas viram! Gente, que susto que elas tomaram! Me agarraram pela mão e correram para o oratório para rezar. 

Até aí eu estava me divertindo! Mas o que eu não podia imaginar é que no dia seguinte, na hora em que eu costumava ir para a rua brincar, minha avó me chamou, me mandou tomar banho, me vestir e me levou para a igreja. 

Nove segundas-feiras eu tive que ir à igreja com minha vó e minha tia para rezar pelas almas do purgatório!  

Contada por Ruth Rocha e ilustrada por Adalberto Cornavaca..

MARCELO, MARMELO, MARTELO.


Marcelo vivia fazendo perguntas a todo mundo:
- Papai, por que é que a chuva?
-Mamãe, por que é que o mar não derrama?
- Vovó, por que é que o cachorro tem quatro pernas?
As pessoas grandes às vezes respondiam. Às vezes, não sabiam como responder.
-Ah, Marcelo, sei lá...
Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:
- Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo?
- Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.
- E por que é que não escolheram martelo?
-Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de ferramenta...
- Por que é que não escolheram marmelo?



- Porque marmelo é nome de fruta, menino!
- E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?
No dia seguinte, lá vinha ele outra vez:
- Papai, por que é que mesa chama mesa?
- Ah, Marcelo, vem do latim.
- Puxa, papai, do latim? E latim é língua de cachorro?
- Não, Marcelo, latim é uma língua muito antiga.
- E por que é que esse tal de latim não botou na mesa nome de cadeira, na cadeira nome de parede, e na parede nome de bacalhau?
-Ai, meu Deus, este menino me deixa louco!
Daí a alguns dias, Marcelo estava jogando futebol com o pai:
-Sabe, papai, eu acho que o tal de latim botou nome errado nas coisas. Por exemplo, por que é que bola chama bola?
- Não sei, Marcelo, acho que bola lembra uma coisa redonda, não lembra?
-Lembra, sim, mas ... e bolo?


- Bolo também é redondo, não é?
- Ah, essa não! Mamãe vive fazendo bolo quadrado...
O pai de Marcelo ficou atrapalhado.


E Marcelo continuou pensando:
“Pois é, esta tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo nem sempre é redondo. E por que será que a bola não é a mulher do bolo? E bule? E belo? E Bala? Eu acho que as coisas deviam ter o nome mais apropriado. Cadeira, por exemplo. Devia chamar sentador, não cadeira, que não quer dizer nada. E travesseiro? Devia chamar cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar assim”.



Logo de manhã, Marcelo começou a falar sua nova língua:
- Mamãe, quer me passar o mexedor?
- Mexedor? Que é isso?
- Mexedorzinho, de mexer café.
- Ah, colherinha, você quer dizer.
- Papai, me dá o suco de vaca?
- Que é isso menino?
- Suco de vaca, ora! Que está no suco-da-vaqueira.
- Isso é leite, Marcelo. Quem é que entende este menino?


O pai de Marcelo resolveu conversar com ele:
- Marcelo, todas as coisas têm um nome. E todo mundo tem que chamar pelo mesmo nome porque, senão, ninguém se entende...
- Não acho, papai. Por que é que eu não posso inventar o nome das coisas?




- Deixe de bobagens, menino! Que coisa mais feia!
- Esta vendo como você entendeu, papai? Como é que você sabe que eu disse um nome feio?
O pai de Marcelo suspirou:
- Vá brincar, filho, tenho muito que fazer...
Mas Marcelo continuava não entendendo a história dos nomes. E resolveu continuar a falar, à sua moda. Chegava em casa e dizia:
- Bom solário pra todos...
O pai e a mãe de Marcelo se olhavam e não diziam nada. E Marcelo continuava inventando:
Sabem o que eu vi na rua? Um puxadeiro puxando uma carregadeira. Depois, o puxadeiro fugiu e o possuidor ficou danado.



A mãe de Marcelo já estava ficando preocupada. Conversou com o pai:
- Sabe, João, eu estou muito preocupada com o Marcelo, com essa mania de inventar nomes para as coisas... Já pensou, quando começarem as aulas? Esse menino vai dar trabalho...
- Que nada, Laura! Isso é uma fase que passa. Coisa de criança...



Mas estava custando a passar...
Quando vinham visitas, era um caso sério. Marcelo só cumprimentava dizendo:
- Bom solário, bom lunário... – que era como ele chamava o dia e a noite.
E os pais de Marcelo morriam de vergonha das visitas.



Até que um dia...
O cachorro do Marcelo, o Godofredo, tinha uma linda casinha de madeira que
Seu João tinha feito para ele. E Marcelo só chamava a casinha de moradeira, e o cachorro de Latildo.
E aconteceu que a casa do Godofredo pegou fogo. Alguém jogou uma ponta de cigarro pela grade, e foi aquele desastre!



Marcelo entrou em casa correndo.
- Papai, papai, embrasou a moradeira do Latildo!
O quê, menino? Não estou entendendo nada!



- A moradeira, papai, embrasou...
- Eu não sei o que é isso, Marcelo. Fala, direito!
- Embrasou tudo, papai, está uma branqueira danada!
Seu João percebia a aflição do filho, mas não entendia nada...
Quando seu João chegou a entender do que Marcelo estava falando, já era tarde.
A casinha estava toda queimada. Era um montão de brasas.
O Godofredo gania baixinho...
E Marcelo, desapontadíssimo, disse para o pai:
- Gente grande não entende nada, mesmo!



Então a mãe do Marcelo olhou pro pai do Marcelo.
E o pai do Marcelo olho pra mãe do Marcelo.
E o pai do Marcelo falou:
- Não fique triste, meu filho. A gente faz uma moradeira nova pro Latildo.
E a mãe do Marcelo disse:
É sim! Toda branquinha, com a entradeira na frente e um cobridor bem vermelhinho...


E agora, naquela família, todo mundo se entende muito bem.
O pai e a mãe do Marcelo não aprenderam a falar como ele, mas fazem força pra entender o que ele fala.
E nem estão se incomodando com o que as visitas pensam...



REFERÊNCIAS

ROCHA, Ruth. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. Rio de Janeiro: Salamandra consultoria Editorial S.A, 1976.
Ilustração de Adalberto Cornavaca.

Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa, Brasília, Secretaria de Educação Fundamental, 1997.

ROCHA, Ruth. Sobrou pra mim. Revista Nova Escola. http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Frevistaescola.abril.com.br%2Fleitura-literaria%2Fera-uma-vez-contos.shtml&h=KAQGXV0Mg
  
KOCH, Ingedore Villaça, ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos dos texto. 3. Ed. – SãoPaulo: Contexto, 2009.








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